Ponte Hercilio Luz

Inaugurada em 13 maio de 1926 e cartão postal de Florianópolis desde então, a ponte Hercílio Luz, nome dado em homenagem ao governador do estado responsável pela viabilização da obra, foi um marco da engenharia mundial e, até hoje, é uma das poucas pontes de vão central maior que 340 metros. Depois de mais de 60 anos de serviço ao transporte de Santa Catarina, problemas técnicos como corrosão e trincas causaram sua interdição inicialmente de 1982 a 1988 e depois em 1991. Contando com um comprimento de 821m, estrutura pênsil de correntes e pesando mais de 5 mil toneladas, foi construída para suprir as necessidades da capital catarinense que abrigava políticos e pessoas influentes.

Com a consequente ruína e o trágico incidente da Ponte Silver Bridge de Plesand (EUA) que, em 1967, colapsou durante o tráfego intenso no horário de pico e causou a morte de 46 pessoas, os departamentos de engenharia do Estado de Santa Catarina já haviam sido alertados quanto a necessidade de verificações na ponte Hercílio Luz. Porém somente no ano de 1982 que foram acatadas pelos responsáveis tais medidas, uma vez que a Ponte Colombo Salles, inaugurada em 1975, já servia como alternativa para travessia do canal. Por acaso, fora descoberto uma trinca de aproximadamente 5 cm de abertura no olhal¹ de uma das barras, na altura do topo do pilar do lado sul da ilha e que com a subsequente vistoria do IPT – Instituto de Pesquisas tecnológicas de São Paulo, solicitada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do estado (responsável pela manutenção da obra) que a ponte viera a ser interditada para uma inspeção mais rigorosa.

O Relatório do Departamento de Estradas de Rodagem de Santa Catarina de 19/jun/1995, concluiu da análise do relatório da vistoria que as barras de olhais “apresentam em seu estado atual, grau de instabilidade e possibilidade de causar a queda abrupta da ponte. Ademais, face à constituição química dos aços especiais empregados […] as barras de olhais apresentam características de ruptura frágil […]” e termina com “classificadas como desprovidas de condições de reaproveitamento”.

Com a análise do relatório de vistoria e a necessidade do aumento da capacidade de carga solicitante, as dificuldades da estrutura em desempenhar corretamente suas funções e as falhas de execução ou projeto, traz-se à tona a reabilitação de estruturas. Como vantagem, tem-se o fator econômico, visto que o custo total da intervenção é geralmente menor do que uma nova obra mesmo que o preço unitário em trabalhos de reabilitação seja superior. Ainda, pode-se dizer que é uma construção sustentável pois auxilia na preservação do meio ambiente com menor volume de demolições e geração de resíduos. 

Assim, iniciou-se o processo de elaboração de soluções para a reabilitação da estrutura da ponte. Uma das soluções apontadas, após consultar a Universidade Federal de Santa Catarina, foi a possibilidade de redução da carga de piso asfáltico e retirada do aparato de suporte ao piso,  em conjunto com um novo cabo de sustentação substituindo a cadeia de correntes. Dessa maneira, a ponte permaneceria com seu tabuleiro original, preservando o aspecto e a estética da ponte. A segunda solução apresentada e consequentemente adotada, previa detalhadamente a troca dos olhais, reforço dos pilares, blocos de ancoragem e fundações. Futuramente, após concorrências entre consórcios para a execução do projeto, foram admitidas alterações durante a execução, tais como a construção de uma nova estrutura de sustentação sob a ponte para que se pudesse realizar a recuperação do vão central.

Ao fim de 28 anos de paralisação para manutenção (considerando a interdição de 1991), enfim a ponte Hercílio Luz teve sua reabertura realizada. No dia 30 de dezembro de 2019 o governo do Estado de Santa Catarina realizou uma cerimônia simbólica para a nova abertura, que contou com diversos eventos culturais de artistas locais, valorizando ainda mais toda a cultura que a ponte representa como cartão postal da cidade de Florianópolis.