Impactos da pandemia COVID-19 no setor da Construção Civil

A construção civil é responsável por grande parte da geração de empregos no país, e no estado de Santa Catarina. Só no estado são 90327 empregos gerados pelo setor (Observatório FIESC, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, 2018) e 1977182 no país (CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 2018). No entanto, assim como todas as outras atividades econômicas do país, este setor tem sofrido com a crise do Corona vírus.

fonte: https://www.observatoriofiesc.com.br/construcao-civil


É válido lembrar que, antes da pandemia, o mercado imobiliário passava por um período de ascensão, uma vez que no primeiro bimestre de 2020, de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os lançamentos de imóveis aumentarem em 34,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 6.781 unidades. O número de vendas também cresceu em 25,9% em relação ao primeiro bimestre de 2019, chegando a 19077 ao fim de fevereiro.


Abril


No mês de abril, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) apontou que construção civil foi o setor que relatou maior impacto negativo da pandemia. Segundo o Ibre, a redução da demanda e a paralisação das atividades foram os principais fatores que contribuíram para que empresários sentissem os efeitos negativos da crise do coronavírus nos seus negócios.

Observando os indicadores econômicos divulgados pela Confederação Nacional da Industria (CNI), o nível de atividade e o número de empregados na indústria da construção seguiram em queda em abril, refletindo os efeitos da pandemia. Os índices continuam em patamar muito abaixo da linha divisória de 50 pontos, indicando queda intensa quando comparados ao mês anterior. Além disso, o indicador de evolução do nível de atividade registrou 29,4 pontos, o segundo menor valor da série histórica, abaixo apenas do valor observado em março. Também ocorreu um recuo para 24,1 pontos no índice de evolução do número de empregados. Esse foi o terceiro menor valor da série, superando apenas os registros de dezembro de 2015 e janeiro de 2016.

Sondagem indústria da construção, disponível em: https://www.sindusconpa.org.br/

O Índice de Confiança do Empresário Industrial da Construção (ICEI-Construção) registrou 34,8 pontos em abril, caindo 24,5 pontos em relação a março, o maior recuo mensal da série. Com a queda, o ICEI-Construção recuou para o menor valor da série desde outubro de 2015, ficando 18,8 pontos abaixo da média histórica (53,6 pontos).

O Índice Nacional de Construção Civil do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices (SINAPI) leva em consideração o preço por metro quadrado de uma construção em canteiro de obra, tanto de materiais (insumos do setor de Construção Civil), quanto de mão de obra. O custo nacional por metro quadrado da construção passou em abril para R$ 1.172,05, sendo R$ 614,38 relativos aos materiais e R$ 557,67 à mão de obra.


Maio


Em maio, no entanto, diversos municípios e, até mesmo, alguns estados declararam estado de calamidade pública nessa quarentena. Estados como Sergipe e Pernambuco, impuseram medidas de restrição à Construção Civil, proibindo toda e qualquer obra que não seja urgente, ou pública. A assembleia legislativa do Rio de Janeiro aprovou projeto que prevê a mesma restrição, a medida foi sancionada pelo governador em 11/05/2020.
A Capital do estado de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, também proibiu algumas das atividades do setor (especificamente em condomínios verticais) durante a quarentena, com as mesmas ressalvas.

Por conta do restringimento sofrido, o setor receberá da Caixa Econômica Federal 43 bilhões de reais como estímulo para superar os impactos da pandemia. A taxa de juros SELIC, que normalmente oscila entre 6% e 8% ao ano, está em um patamar histórico de 3% ao ano. Tais medidas vem no intuito de prevenir o setor do impacto da crise econômica que tem sido observada desde o surgimento da pandemia. No entanto, especialistas apontam que o impacto não será tão forte quanto em outros setores da economia brasileira.

De acordo com o índice divulgado pelo SINAPI, o valor de 1.174,02 reais, subiu 0,17% em relação ao mês anterior, e 3,74% em relação ao mesmo período do ano anterior (maio de 2019). Em suma, o preço por metro quadrado de insumos da construção civil, bem como de mão de obra teve um acréscimo expressivo em relação a doze meses atrás.

Junho

De acordo com levantamento de empregos Caged, feito pelo Ministério da Economia e divulgado no dia 28, 2.222 postos de trabalhado foram gerados pela indústria geral e de construção civil em Santa Catarina, colocando o estado em posição de destaque nacional em retomada de emprego. Este número representou o sexto maior saldo de empregos na indústria brasileira em junho. O setor de construção civil foi responsável por, aproximadamente, 1 em cada 5 destes empregos com um total de 462 destes.

Com base em dados divulgados pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), é possível afirmar que o momento era propício para compra de imóveis. Isso deve-se à baixa histórica da taxa de juros Selic, que se encontrava em 2,25% ao ano (menor valor já registrado).

Outro beneficiado neste momento, além do comprador, é o investidor. Ainda de acordo com dados da Abrainc, a valorização dos imóveis nos últimos 10 anos havia sido de, em média, 9,4%. Ou seja, tanto o aluguel quanto o valor do patrimônio se encontravam em alta. O aquecimento nas vendas é observado pelos especialistas. Segundo Ana Paula Dalcin, atuante desde 2015 no mercado imobiliário de Florianópolis dentro da área de imóveis de alto padrão, a região que apresentou maior retorno de potenciais compradores foi o Sul do país, como mostra pesquisa da Datastore, empresa referência nacional em pesquisas sobre o setor imobiliário.

Esta expectativa de realização do sonho da casa própria, bem como os investimentos do setor, são nítidos ao analisar o índice FipeZap, que comtempla índices de venda e de aluguel, em uma parceria entre a Fipe e o portal ZAP Imóveis. Segundo o levantamento mensal, divulgado em 2 de junho, manteve-se, no Brasil, a tendência que se observava no cenário pré-pandemia com crescimento de 0,23% em maio. A alta acumulada é de 0,92% no ano, devido, em grande parte, à variação dos preços em Florianópolis (+3,67%), Curitiba (+2,72%) e Campo Grande (+2,56%).

A variação percentual mensal do Índice Nacional de Construção Civil (SINAPI) foi de 0,14% em julho, e o custo nacional do metro quadrado de construção foi de 1.175,62 reais.



Julho

No mês de julho houve diversos indicadores de retomada de crescimento no setor. O índice de evolução do nível de atividade subiu 3,8 pontos em comparação ao mês anterior, alcançando, assim, 48,1 pontos. O índice de evolução do número de empregados, por sua vez, atingiu 46,8 pontos no mês, 3,4 a mais que junho. Outro dado importante, A Utilização da Capacidade Operacional (UCO), teve acréscimo de 3% em julho, atingindo o valor de 58%. Tal alta recupera em grande parte a queda dos meses de março e abril, além disso, também supera média de julho em comparação aos anos de 2015, 2016 e 2017.

fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/cni/estatisticas/

Por outro lado, uma pesquisa feita pela CBIC consultando 462 construtoras de 25 estados diferentes averiguou que houve um aumento no preço dos insumos da do setor da construção civil. Paulo Obenaus, presidente da Câmara do setor em Santa Catarina, entende que o aumento da demanda no varejo gerou esse acréscimo no preço dos insumos. Como, em geral, todos estão passando mais tempo em casa, surge a necessidade de pequenas intervenções e consertos de torneiras, instalações elétricas e afins, e isso acaba elevando o que chamamos de micro consumo.

De acordo com o SINAPI, a variação percentual do Índice Nacional de Construção Civil foi de 0,49% em julho, sendo que o custo nacional do metro quadrado de construção foi de 1.181,41 reais.

Agosto

Em agosto, torna-se cada vez mais evidente a falta de materiais para a construção civil, causada pela bolha que vem com a parada da produção de materiais essenciais, principalmente o aço e o cimento, acarretando em uma série de consequências, sendo que a baixa oferta e alta demanda fazem com que os preços subam cada vez mais. Além disso alguns setores estão aproveitando o momento e deixando a produção ociosa, com o objetivo de obter a elevação dos preços.

O Índice Nacional de Construção Civil (SINAPI) subiu em 0,88% no mês de agosto. Foi a maior taxa apurada até o momento, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, no acumulado dos oito primeiros meses de 2020, o cimento teve variação de 10,67% e o tijolo, de 16,86%. O Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M), da FGV, registra alta de 3,39% no acumulado até agosto. O item materiais e equipamentos tem alta um pouco maior, de 5,05%.

Porém, outras fontes demonstram que quatro itens tiveram aumentos mais relevantes e que impactam mais no custo total das obras: cimento, aço, cobre e tubos de PVC. O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) com associados mostrou avanços mais significativos nos preços. O cimento, por exemplo, aumentou 66% entre janeiro e agosto.

Setembro

Segundo a CNI, o índice de evolução do número de empregados chegou a 50,1 pontos no mês de setembro, isso demonstra uma retomada da indústria da construção civil. Tal índice varia de 0 a 100 e indicadores abaixo de 50 revelam uma concepção negativa e, acima de 50, situam expectativas de crescimento. Esse índice é o maior desde abril de 2012, e isso confirma o aumento da taxa de emprego no setor, visto que sua taxa histórica é de 43,9 pontos.

A Utilização da Capacidade Operacional também cresceu em setembro pelo quinto mês consecutivo e ficou em 62%, alta de 2 pontos percentuais frente a agosto. O percentual é idêntico ao registrado em setembro de 2019.

O indicador de satisfação com a situação financeira aumentou 6 pontos na comparação trimestral, alcançando 44,7 pontos no terceiro trimestre. O resultado supera a média de 44 pontos da série histórica, iniciada em 2009.

O ICEI-Construção se manteve estável entre setembro e outubro, em 56,7 pontos. A CNI destaca que a estabilidade ocorre após cinco altas seguidas, se dá em patamar elevado e aponta “para um sentimento de confiança otimista e disseminado entre os empresários da indústria da construção”. No entanto, o índice está em um nível inferior aos níveis pré-pandemia e aos observados nesse mesmo período do ano passado.

O Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) obteve a maior alta desde julho de 2013, só em setembro subiu 1,44%. O custo nacional da construção, por metro quadrado, que em que em agosto fechou em R$ 1.191,84, passou em setembro para R$ 1.209,02, sendo R$ 645,56 relativos aos materiais e R$ 563,46 à mão de obra.


Outubro

A Sondagem Industria da Construção relativa a outubro, divulgada pela Confederação Nacional da Industria (CNI), mostrou um aumento pelo terceiro mês consecutivo do nível de atividade do setor. Esse aquecimento vem estimulando a alta do emprego, que, em outubro, foi especialmente intensa e disseminada pelas empresas da construção. De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a série histórica mostra uma curva crescente no índice de evolução do emprego, que em outubro atingiu 51,3 pontos, sendo a sexta alta seguida.

fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/cni/estatisticas/

O ICEI-Construção se manteve inalterado em 56,7 pontos em outubro. A confiança aumentou nos setores de Obra de infraestrutura e Serviços especializados para construção, mas está menor no setor de Construção de edifícios.

O Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) subiu 1,71% em outubro. O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a maior elevação do ano até então.

A alta ocorreu em todos os estados e foi influenciada pelo o crescimento significativo de 3,17% da parcela de materiais. O gerente da pesquisa, Augusto Oliveira, disse que as maiores altas em cinco produtos causaram esse impacto. “Em outubro, dos cinco produtos com maiores altas, três eram do grupo de vergalhões – arames e barras de aço – os outros foram bloco/telhas cerâmicas. Esses dois grupos registraram variações médias nacionais, respectivamente, de 9,06% e 7,62%. Cimento e esquadrias metálicas também apresentam variações acumuladas expressivas, com médias nacionais de 21,65% e 21,89% respectivamente”, observou.

O Índice do SINAPI de outubro mostra ainda que a parcela de mão de obra tem se mantido estável e registrou taxa de 0,04%. De acordo com Augusto Oliveira “As taxas mensais da mão de obra estão próximas da estabilidade, variações mais altas são registradas quando há homologação de acordos coletivos nos estados”, analisou. O índice mostrou ainda que o custo nacional da construção, por metro quadrado, ficou em R$ 1.229,72, sendo R$ 666,03 relativos aos materiais e R$ 563,69 à mão de obra. Os custos regionais, por metro quadrado, atingiram R$ 1.277,25 na região sul do Brasil.

Novembro

Conforme divulgado pela CNI através da sondagem da indústria da construção, o ICEI-Construção voltou a crescer no mês de novembro, para 58,9 pontos, após se manter estável entre setembro e outubro. Com a alta, o ICEI-Construção já recuperou a maior parte da confiança perdida em março e abril, mas ainda está inferior aos valores de antes da pandemia, que superavam os 60 pontos.

Ademais, o Índice de Condições Atuais aumentou 3,1 pontos e voltou a superar a linha de 50 pontos, o que não acontecia desde março. Ao superar a linha divisória de 50 pontos, o índice mostra que o empresário percebe melhora das condições correntes de seus negócios e da economia. Neste panorama, a intenção de investir do empresário da construção também aumentou, registrando 42,4 pontos, uma alta de 1,5 ponto em relação a outubro. Essa alta retoma sequência de altas que havia sido interrompida no mês anterior, o índice havia crescido por quatro meses consecutivos antes de registrar queda em outubro. Mesmo assim, o índice segue acima de sua média histórica de 34,4 pontos.

Referente a preços e custos da construção civil no país, O Índice Nacional da Construção Civil do SINAPI, subiu em 1,82% em novembro, com o custo de construção, por metro quadrado, que em outubro era de R$ 1.229,72 passou em novembro para R$ 1.252,10 sendo R$ 687,02 relativos aos materiais e R$ 565,08 à mão de obra. A maior alta do ano e a maior variação desde a desoneração da folha, em julho de 2013. No ano, acumulado ficou em 8,06% enquanto nos últimos doze meses foi de 8,30%. Na região sul, que lidera a variação mensal, o custo ficou em R$ 1.305,70 com R$ 682,51 de materiais e R$ 623,19 de mão de obra. O resultado do mês tem forte relação com a parcela de materiais, em que os segmentos de aço, agregados e cerâmicos são os mais expressivos, além da parcela de mão de obra, por conta dos reajustes nos acordos coletivos ocorridos no período. Afirmação do gerente da pesquisa – Augusto Oliveira.

Na conjuntura de desemprego no país, no terceiro trimestre, apenas as atividades de construção e agricultura tiveram crescimento da população ocupada. Na construção o aumento foi de 7,5% o que representa 399 mil pessoas a mais trabalhando no setor.

Dezembro

De acordo com dados da CNI, a produção e o emprego na indústria da construção recuaram no mês de dezembro. Mesmo assim, o resultado era esperado para o período, que costuma registrar recuo da atividade.

O índice de atividade da indústria de construção foi de 46,3 pontos neste mês. Estando abaixo da linha divisória de 50 pontos ele indica redução da atividade da construção. Em comparação, em dezembro de 2019 o índice havia ficado em 45,8 pontos. Já o índice de evolução do número de empregados ficou em 46,9 pontos, abaixo da linha divisória de 50 pontos, mas ainda assim, acima de sua média histórica, 44,1 pontos.

Em relação ao (ICEI-Construção), o índice subiu 1,2 pontos em dezembro, alcançando 60,1 pontos. Tal valor do índice se situa consideravelmente acima da linha divisória de 50 pontos, o que é um patamar interessante para a indústria .

fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/cni/estatisticas/

O índice nacional de custos na construção, do SINAPI, mostra em dezembro um aumento percentual de 1,94%, a maior alta registrada neste ano. Com o custo nacional por metro quadrado ficando em R$ 1276,40 e com percentual acumulado no ano igual a 10,16%. Especificamente na região sul, o custo liderou mais uma vez, ficando em R$ 1335,31.